Na minha infância, todas as histórias começavam com um “Era uma vez…”. E não me refiro somente aos livros, que desde cedo sempre estiveram presentes nas estantes do meu quarto. Refiro-me também, e sobretudo, à minha vida. Embora nem todas elas tivessem um final feliz, há bocadinhos que marcam e permanecem, como uma doce e longínqua recordação. Todas as recordações trazem saudade. Às vezes, um tipo de saudade que dilacera o peito e deixa na boca um leve toque de mágoa, por aquilo que já passou e não volta mais.
Sempre fui uma pessoa de tradições e costumes vincados. Gosto de festejar todas as datas especiais. Aniversários, Carnaval, Páscoa, Natal, S. Martinho… Todas as épocas têm um sabor único e são especiais à sua maneira. Contudo, o S. Martinho tem um cantinho de destaque no meu coração.
Sou filha e neta de gerações que deram importância e honra à família, aos amigos, em saborear a vida enquanto ela é isso mesmo: vida, com sangue quente, a correr no corpo - às vezes demasiado frio para custar a acreditar.
S. Martinho... O conceito da partilha entre corações quentes e puros. Habituei-me a, uma vez por ano, marcar no calendário o dia em que se assavam castanhas e, simultaneamente, no calor do mesmo fogo, se aqueciam as mãos. Cordas de guitarra que se dedilhavam, gargalhadas expelidas com emoção e almas aconchegadas por um caldo verde memorável no coração e mente de muitas pessoas, faziam parte do cenário que compunha esse dia. “Vem e traz um amigo, há sempre espaço para mais um”. “Vem e traz um saco de castanhas, juntas à minha carne e ao vinho do outro e fazemos a festa!”. Partilha. Emoção. Risos. Vida! Eram estes os ingredientes que punham a tradição em andamento... Fui criada assim! A saber aproveitar o tempo enquanto o temos, a festejar o facto de se estar vivo! Mesmo que por vezes o esqueça, sei que a raiz mora na base de quem sou.
Hoje, apesar da vida continuar a correr, impávida e serena, mesmo que os calendários tenham deixado de se substituir na minha parede (ver o tempo passar dói!), o S. Martinho continua a existir. E apesar de eu me ter apercebido que, hoje em dia também, a maioria já não festeja quase nada com o mesmo fulgor, sei que ainda há um grupo de pessoas que o fazem. A vida tem-se conjeturado com demasiadas provas no caminho, mas quando tudo acalmar tenho a certeza que quererei retomar a tradição.
Embora os rostos não sejam os mesmos – pelo menos não todos! Embora os presentes já tenham ido marcar presença noutro lugar (talvez distante mas mais seguro)... É na infância que somos mais felizes e, ao retomar a tradição, sei que retomarei também um pouco dessa felicidade. A felicidade que mora na minha mente e no meu coração, sob a forma de uma criança entusiasmada, com crenças a mais no futuro. O bom da memória é que ela tem cheiro, sabor, sensações. O que vivemos, já ninguém nos rouba. E vamos sempre a tempo. Basta estarmos vivos!
Sempre fui uma pessoa de tradições e costumes vincados. Gosto de festejar todas as datas especiais. Aniversários, Carnaval, Páscoa, Natal, S. Martinho… Todas as épocas têm um sabor único e são especiais à sua maneira. Contudo, o S. Martinho tem um cantinho de destaque no meu coração.
Sou filha e neta de gerações que deram importância e honra à família, aos amigos, em saborear a vida enquanto ela é isso mesmo: vida, com sangue quente, a correr no corpo - às vezes demasiado frio para custar a acreditar.
S. Martinho... O conceito da partilha entre corações quentes e puros. Habituei-me a, uma vez por ano, marcar no calendário o dia em que se assavam castanhas e, simultaneamente, no calor do mesmo fogo, se aqueciam as mãos. Cordas de guitarra que se dedilhavam, gargalhadas expelidas com emoção e almas aconchegadas por um caldo verde memorável no coração e mente de muitas pessoas, faziam parte do cenário que compunha esse dia. “Vem e traz um amigo, há sempre espaço para mais um”. “Vem e traz um saco de castanhas, juntas à minha carne e ao vinho do outro e fazemos a festa!”. Partilha. Emoção. Risos. Vida! Eram estes os ingredientes que punham a tradição em andamento... Fui criada assim! A saber aproveitar o tempo enquanto o temos, a festejar o facto de se estar vivo! Mesmo que por vezes o esqueça, sei que a raiz mora na base de quem sou.
Hoje, apesar da vida continuar a correr, impávida e serena, mesmo que os calendários tenham deixado de se substituir na minha parede (ver o tempo passar dói!), o S. Martinho continua a existir. E apesar de eu me ter apercebido que, hoje em dia também, a maioria já não festeja quase nada com o mesmo fulgor, sei que ainda há um grupo de pessoas que o fazem. A vida tem-se conjeturado com demasiadas provas no caminho, mas quando tudo acalmar tenho a certeza que quererei retomar a tradição.
Embora os rostos não sejam os mesmos – pelo menos não todos! Embora os presentes já tenham ido marcar presença noutro lugar (talvez distante mas mais seguro)... É na infância que somos mais felizes e, ao retomar a tradição, sei que retomarei também um pouco dessa felicidade. A felicidade que mora na minha mente e no meu coração, sob a forma de uma criança entusiasmada, com crenças a mais no futuro. O bom da memória é que ela tem cheiro, sabor, sensações. O que vivemos, já ninguém nos rouba. E vamos sempre a tempo. Basta estarmos vivos!
Este texto integra o meu livro: