segunda-feira, 10 de fevereiro de 2025

O poder da falha


 

Às vezes, falho. Porque eu não sou perfeita. Pois não?!
Isso daria imenso trabalho, teria de ser, inclusiva e efetivamente, trabalhado ao pormenor e demoraria uma vida (e outra, e mais outra, e outra ainda, se não tivéssemos apenas uma).
A perfeição não existe. É esta a frase corrida, que ouço correr, nos dias que correm (e nos que correram, porque da maneira como corre o tempo e a vida – esta única que temos – misturo passado e presente, sabendo de sobremaneira que o futuro também será uma inequívoca correria).
Mas, afinal, o que é a perfeição? Sabemos que ela não existe, mas quantas vezes largamos da boca a exclamação “Está perfeito!”, “É perfeito!” Quando um bebé nasce, “É perfeito!” Quando bebemos um vinho de excelente categoria, “É perfeito!” Quando acabamos de confecionar aquele prato complicado e provamos a primeira garfada, “Está perfeito!” Afinal, a perfeição existe ou não?
Aqui há uns anos, afirmava a pés juntos – e cheguei a escrevê-lo num outro texto – que a perfeição existe, sim, e leva tempo! Mas falar de tempo não vale a pena, porque perderíamos imenso, não chegando a nenhuma conclusão. Pelo menos, a uma conclusão que fosse válida para toda a gente, porque precisamente para toda a gente o significado de perfeição (e de tantas outras coisas, importantes e menos importantes) varia. Porque somos um todo, mas um todo diversificado e não poderá ser isso, também, apelidado de perfeito?
Às vezes, falho. Para não dizer que falho muito. A todo o instante. E que isso é normal. Que, talvez, seja mesmo perfeitamente normal.
A vida é uma coisa complexa. Ou então somos nós que complicamos aquilo que é simples. Que, por ser de facto tão simples, não conseguimos compreender ou aceitar de ânimo leve.
Afinal, a perfeição existe. E esta é uma afirmação! Não leva o “mas”, porque já não há indecisão. Pelo menos, enquanto escrevo estas palavras. Quando as for ler, quando for reler o texto inteiro, provavelmente questionar-me-ei um par de vezes, ou mais, se a perfeição existe, ou não.
A única certeza que continuo a ter é que falho. Talvez mais do que apenas “às vezes”. E é tão perfeito falhar... Porque só falhando é que conseguimos ter uma vida perfeita. Só falhando, é que se consegue ser perfeito. Talvez perfeito e imperfeito sejam sinónimos em vez de contrários. O zé-povinho não diz que os opostos se atraem?
Perfeitamente falhando, a cada dia que passa, posso respirar de alívio. Afinal, a perfeição existe. E, contrariamente ao que afirmei um dia, não leva tempo. Leva uma vida inteira. Uma vida inteira de falhanços, de recomeços, de quedas e vezes sem conta a levantar.
Hoje, respiro de alívio. É perfeito! Eu falho. E é por falhar que sou perfeita!






[Imagem retirada da Internet]




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