Há uns dias, de
manhã, quando acordei e me preparei para subir o estore da janela do quarto,
deparei-me com uma joaninha entre a parede e o vidro. Caminhava cima abaixo,
sem saber para onde ir, naquele mar sem fim que era a brancura da parede e a
possibilidade de resvalar para aquele translúcido multicor, que era a extensão
do vidro onde a claridade de mais um dia se refletia.
Corri a pegar no Simão ao colo, para que ele observasse o bichinho. Tinha a certeza que era a primeira vez que via aquele espécime, nos seus dez meses de idade.
Esta é uma das muitas dádivas de se ser pai ou mãe. Acompanhar um ser humano que está a descobrir o mundo, a ver e apreender, pela primeira vez, aquilo que para nós é banal e que, exatamente por isso, nos passa ao lado. A maneira como ele olhou para a joaninha, como observou com curiosidade e genuíno interesse o trajeto que ela teimava em fazer, trouxe-me a esperança renovada.
Cada dia na companhia do meu filho é assim. Mais um balde de água que enche o poço. A reserva que eu preciso para continuar, andar, viver, sem ser em piloto automático, sem ser "só porque sim".
No meu primeiro livro, o Diamante do Sul, escrevi que viver é fácil, nós é que complicamos. E cada vez estou mais convencida disso!
Desde esse dia, tenho-me obrigado a pensar positivo. A educar o pensamento, sempre que a mente quer rebelar-se e seguir a rota contrária, aquela que tantos anos, que dias a fio, tomou como certa.
Tenho, a pouco e pouco, trabalhado para chegar onde quero, para atingir os meus objetivos, mesmo que eles não sejam compreendidos por mais ninguém, além de mim. E, no fim de cada noite, quando deito a cabeça sobre a almofada e faço o balanço do dia, sinto orgulho em vez de angústia. Sinto paz (somente, paz!) por ter atingido mais um degrau nesta senda do amor-próprio.
Hoje, sem prever, enquanto imprimia uns documentos no meu escritório, olhei por reflexo para o chão e vi outra joaninha (a mesma, quem sabe?!). Sorri para o vazio. Sempre fui dada a superstições, sinais, significados por trás da banalidade de uma mera coincidência. Acredito que nada acontece por acaso e, mais uma vez, a vida trouxe-me essa confirmação.
À semelhança do que tinha feito no outro dia, peguei nela com cuidado, abri o vidro e atirei-a lá para fora, para o quintal.
Liberdade, era tudo o que ela precisava. E eu também...
Corri a pegar no Simão ao colo, para que ele observasse o bichinho. Tinha a certeza que era a primeira vez que via aquele espécime, nos seus dez meses de idade.
Esta é uma das muitas dádivas de se ser pai ou mãe. Acompanhar um ser humano que está a descobrir o mundo, a ver e apreender, pela primeira vez, aquilo que para nós é banal e que, exatamente por isso, nos passa ao lado. A maneira como ele olhou para a joaninha, como observou com curiosidade e genuíno interesse o trajeto que ela teimava em fazer, trouxe-me a esperança renovada.
Cada dia na companhia do meu filho é assim. Mais um balde de água que enche o poço. A reserva que eu preciso para continuar, andar, viver, sem ser em piloto automático, sem ser "só porque sim".
No meu primeiro livro, o Diamante do Sul, escrevi que viver é fácil, nós é que complicamos. E cada vez estou mais convencida disso!
Desde esse dia, tenho-me obrigado a pensar positivo. A educar o pensamento, sempre que a mente quer rebelar-se e seguir a rota contrária, aquela que tantos anos, que dias a fio, tomou como certa.
Tenho, a pouco e pouco, trabalhado para chegar onde quero, para atingir os meus objetivos, mesmo que eles não sejam compreendidos por mais ninguém, além de mim. E, no fim de cada noite, quando deito a cabeça sobre a almofada e faço o balanço do dia, sinto orgulho em vez de angústia. Sinto paz (somente, paz!) por ter atingido mais um degrau nesta senda do amor-próprio.
Hoje, sem prever, enquanto imprimia uns documentos no meu escritório, olhei por reflexo para o chão e vi outra joaninha (a mesma, quem sabe?!). Sorri para o vazio. Sempre fui dada a superstições, sinais, significados por trás da banalidade de uma mera coincidência. Acredito que nada acontece por acaso e, mais uma vez, a vida trouxe-me essa confirmação.
À semelhança do que tinha feito no outro dia, peguei nela com cuidado, abri o vidro e atirei-a lá para fora, para o quintal.
Liberdade, era tudo o que ela precisava. E eu também...